Assim como diversos campos, a literatura é um campo de conquista para mulheres. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea, vinculada à Universidade de Brasília (UNB), mais de 70% dos livros publicados por grandes editoras brasileiras, entre 1965 e 2014, foram escritos por homens.

Esse dado se torna ainda mais preocupante porque de acordo com a pesquisa Retratos da Literatura, realizada em 2016, aproximadamente 59% dos leitores brasileiros são mulheres. 

Na bienal do livro, as mulheres buscam ampliar espaço na Bienal do Livro de Brasília.

Conheça histórias de autoras na Bienal

Maria da Glória Santos

Após a pandemia do covid-19, a pauta sobre a saúde mental se tornou um tema muito recorrente e a Bienal do Livro de Brasília trouxe para o público muitos autores envolvidos com essa questão para acabar com os estigmas e conscientizar as pessoas acerca desse tema. 

Uma dessas autoras é Maria da Glória Santos, que sofreu durante 9 anos com a depressão. Ela explica, em seu livro “Depressão a dor da alma”, toda a sua luta diária contra a doença mostrando ao público como se sentia e mostrando a verdadeira face de uma doença desprezada pela população, optando por escrevê-lo enquanto ainda buscava tratamento para a doença.

Maria, que é psicanalista e professora, traz em seu livro pesquisas científicas comprovando todas as histórias.

A morte de seu marido a abalou fortemente e ela buscou forças para se reerguer e continuar a escrever o livro. 

Hoje, livre desse problema, ela é palestrante em diversos ambientes para conscientizar e lutar em prol da vida. Maria busca trazer novos ares acerca da depressão, pois reconhece que é uma doença muito complexa e desprezada pelo público, incentivando que as pessoas procurem ajuda médica quando não estiverem se sentindo bem, pois a vida é  o maior bem que elas possuem.

Onã Silva

Onã Silva, ou como é conhecida “a poetisa do cuidar” é uma escritora com mais de trinta cordéis. Trabalha como enfermeira há mais de uma década e durante sua vida ligou suas duas paixões, escrever e cuidar.

É mestre de educação, formada em artes cênicas e pós graduada em saúde pública.

Em 2013, entrou para o livro de recordes brasileiros, o RankBrasil. Como a primeira pessoa a juntar a literatura de cordéis com a enfermagem, com o seu livro “Histórias da Enfermagem no Universo de Cordel” obra essa que durou árduos 4 anos para ser finalizada.

Onã tem como principal objetivo  a democratização da ciência para a sociedade, saindo dos termos técnicos e científicos. Com o cordel para auxiliar a interpretação de uma maneira mais lúdica e sem perder seu sangue nordestino.

Aline Campos

Aline Campos encontrou sua inspiração para escrever quando virou mãe. Ela conta que amava ler desde criança, e quando seu filho nasceu começou a ler para ele. “Então, eu fui lendo com ele e via que estava faltando alguma coisa nas histórias. Eu quis trazer algo diferente.”.

Assim, ela começou a fazer diversos cursos de como escrever para crianças e desenvolveu seus livros. Atualmente, ela possui três livros publicados, “A libélula e o bater de suas asas”, “O que vive nas águas geladas e canta feito o passarinho”, que fala sobre a baleia beluga, e “Transitando Consciente, todo mundo fica contente”.

O livro “Transitando Consciente, todo mundo fica contente”, ela lançou por ser servidora do DETRAN, ele fala tudo sobre trânsito para a faixa etária de quatro a dez anos. “Esse livro sobre trânsito vai formar futuros condutores conscientes”, disse a escritora.

 A autora explicou que “Com os meus livros busco trazer a preocupação com o próximo, a preocupação com a natureza, a preocupação em todos os sentidos.”.

Elisefefê

Elisefefê é uma autora mirim de 11 anos que acabou de lançar seu primeiro livro “#Viralizei”. O livro foi escrito durante a pandemia, a família de Elise contraiu a doença Covid 19, sua avó faleceu por conta dessa doença. “Foi uma forma de desabafar que eu comecei a escrever”, disse a autora.

Ela foi a primeira criança a ser aceita na Academia Literária Internacional de Artes, Letras e Ciências (ALPAS 21) e também faz parte do Grupo Associado de Escritores Brasileiros. 

Elise também faz parte da Academia Inclusiva de Autores Brasilienses (AIAB), a autora defende o direito à leitura em braille. “ Eu tenho uma amiga, que é cega, e quando eu lancei o meu livro, ela queria ler, por isso quis fazer meu livro em braille”, explicou a autora mirim.

Por Fernanda Carvalho Diniz, Natália Santos e Maria Clara Britto

Fotos: Maria Clara Britto